Sábado, 13.08.11

Eu quando estava mesmo obesa, (obesidade tipo 3 - imc 41 - 90 kg para 1,47) nem pensava que estava obesa. Sabia que estava gorda e já estava assim há muito tempo. Há anos...

 

Quando o maridão me conheceu eu tinha 58 kg... imc 26.8, e achava-me enorme... ele viu-me engordar 30 kg...

 

O peso veio, foi vindo, foi persistente e nunca me abandonou, tive flutuações mas nunca voltei ao que era.

 

Cronológicamente foi assim:

 

1996 - 58 kg

 

1998 - 71 kg

 

2000 - 65 kg (Xenical e ginásio) 

 

2001 - 80 -(Juntei-me com o maridão, comecei a comer prato ao jantar em vez de sopa, não  fui mais ao ginásio)

 

2002 - 70 kg (Dieta da fome para casar)

 

2003 - 76 kg

 

2004 - 83 kg (grávida da Raquel),

 

2005 - 71 kg (dieta na NaturHouse)

 

2006 -  86 kg (grávida do Pipo),

 

2007 - 83 kg

 

2008 - 88 kg (grávida do João),

 

2008 - 73 kg (1 semana depois dele nascer),

 

2009 - 83 (amamentar dava-me tanta fome... amamentei durante 1 ano),

 

Setembro de 2009 - 89 kg, resultado de amamentar e ter passado 2 meses a ir á praia e comer só pão, bolachas, sumos, batatas fritas, croquetes e rissóis, cachorros quentes, gomas, bolos e outras porcarias.

 

1 de setembro de 2009 foi Meltdown

 

A roupa não servia... Resolvi mudar a minha vida.

 

Quando comecei a perder peso comecei a reparar nas pessoas á minha volta. Comecei a ficar interessada como as pessoas me viam e estava sempre a perguntar se era mais magra ou mais gorda que esta ou aquela pessoa. O maridão sofreu tanto... mas nem me dava assim muito troco. acho que quando eu era mais gorda ele fingia que não tinha reparado na pessoa ou então dizia "são corpos diferentes, não dá para comparar" mas quando eu era mais magra dizia sempre, assim tipo indignado "ela faz 2 de ti!". Esta foi a 1.º fase.

 

Passado um ano, e ter perdido uns valentes kg, estava com mais ou menos 70 kg, comecei a ter pena das pessoas obesas, principalmente daquelas com quem me identificava. Um dia no Forum Montijo, enquanto comia uma saladinha do Vitaminas (atenção, peçam sempre para eles porem o molho num copinho á parte, assim são vocês que decidem quanto é que vão comer) vi uma moça que era mesmo "Eu". Morena, cabelo escorrido, risco ao meio, corpo todo igual... eu não tenho nem nunca tive cintura, fui sempre barriguda, calças pretas, uma t-shirt lisa e mal amanhada, sem baton, nem brincos nem colares. E a acompanhá-la o marido, alto e muito magro e um bebé. Estavam sentados umas mesas á frente de nós a jantar fatias de pizza da telepizza com coca-cola.

 

Deu-me um aperto na garganta. Impressionou-me imenso as semelhanças comigo e como eu estava há um ano atrás. A minha vontade era levantar-me da minha mesa e ir falar com ela. Dizer-lhe que não tinha de continuar assim. Falar-lhe da minha própria situação e como com alimentação e exercício fisíco a minha vida estava a mudar para melhor.

 

É claro que não fiz nada disso. Iria com certeza ofender a rapariga e magoá-la, eu sei que era o que sentia cada vez que a minha mãe ou outra pessoa falava do meu peso. E também vergonha...

 

Quando comecei a perder peso não fui logo para um ginásio. Primeiro perdi 10 kg e depois fui para o VivaFit, onde era só mulheres e gente mais velha e por isso menos critica. Eu tinha 79 kg e não era a pessoa mais gorda do ginásio mas estava lá perto. Saí de lá passado 1 ano, com menos 9 kg e fui para um ginásio á séria. Lá sou sempre a mais gorda da sala, ou quase sempre... e tenho 67 kg. Nunca teria coragem para entrar num ginásio com 78 kg e muito menos com 89 kg. As pessoas são super criticas e más.

 

Frequento o meu ginásio num horário porreiro, das 9h ás 15h, com malta que trabalha por turnos e malta mais velha, até reformada. Reformada mas com grande pedalada. Deviam ver aquela malta no Top Spinning! Cuidado com eles. Houve um dia que o professor habitual não pode ir e foi substituido por um professor que dá aula á tarde. Ele no fim deu os parabêns a todas as pessoas porque pensava que as pessoas da manhã, reformados, sr.ªs de 40, 50 e até 60 anos eram manos atléticas que as da tarde pediu desculpa a todos e disse que estavamos equiparados aos da tarde e até lhes podiamos dar uma "abada".

 

É uma malta muito porreira e incentivam-se muito uns aos outros. A minha amiga A. diz que já foi á tarde mas que não vai mais porque diz ela, "a malta vai para mostrar a roupinha e abanar o rabiosque e fazer-se de boa". Imaginam o que eles teriam a dizer de mim? Ao principio estava super envergonhada por ser a mais gorda mas hoje isso não me incomoda. Estou a melhorar, já corro na passadeira, faço pesos, etc, etc e até houve pessoas que não me conhecendo anteriromente me deram os parabenms porque estou muito melhor do que quando entrei no ginásio. Assim dá gosto!

 

E penso que tipo de pessoa serei quando for magra... será que vou incentivar os outros como hoje sou incentivada? ou começo a dar desprezo? Ou indiferença? Acho que tudo se resume ao nosso carácter. Vou ser igual ao que sou de certeza. Não acredito que as pessoas mudem porque passam a ser magras, pelo menos não as que  têm força de carácter e dos bons.

 

este post já vei longo e ainda escrevia mais...

 

mas tenho de ir... tenho de ir ás compras, fazer o almoço e ir a um "chá de adopção". Vou a casa de uma amiga que organizou uma festa surpresa para uma das nossas amigas que consegui finalmente adoptar um menino. Ela vai aparecer com o menino e vai ficar mesmo  surpreendida. Já falei disso aos meus filhos e eles estão desejosos de conhece o menino e de ganharem um amigo.

 

Estou super emocionada e quase a chorar...

 

beijinhos,

Sofia

 

 

 

 

publicado por 80nuncamais às 09:50 | link do post | comentar | favorito
Maria Célia a 14 de Agosto de 2011 às 20:47
Olá estive por aqui outra vez a visitar-te e continuo a gostar muito do que leio. Terça feira vou a consulta de nutricionista. A minha saúde dependerá de como eu me portar daqui para a frente. Quero ser corajosa.
Bjs
80nuncamais a 15 de Agosto de 2011 às 02:56
Oláa Célia,

fico contente por teres tomado essa resolução. Nós muitas vezes esquecemos que todos os dias podemos decidir a nossa vida e mudar para viver de forma plena e saudável é a melhor decisão de todas.

Volta sempre,
Sofia
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