Sexta-feira, 07.12.12

Por esta net fora há mil blogs de pessoas que lutam contra o excesso de peso. Eu sou só uma delas e não querendo criticar ninguém, não é um comentário de HATER, atenção!

 

Eu olhava-me no espelho e via-me gorducha, cada vez comprava as calças com 1 n.º acima. Já vestia o 46 e não parava de pensar que havia de voltar tudo ao normal. Pensava que voltaria a pesar 65 kg novamente, depois das 3 gravidezes e por isso não me preocupava muito.

 

É quando olhamos no espelho e vemos os pneus, quando uma criança nos pergunta se estamos grávidas, quando passamos d o M para o L e depois XL, quando deixamos de comprar roupa na Zara, Mango e outras tais que parece que "acordamos".

 

Eu estou gorda passa a ser eu sou gorda, tenho comportamentos de gorda, como mal, não faço exercicio...

 

E depois há outras pessoas que acham que ter 1,70 e pesar 40 kg não é anorexia, que não há nada de errado com elas. 

 

Eu vivi com uma rapariga anorética. A pele é baça, as gengivas secas, o cabelo fraco, seco e a cair. Não rir nem chorar, não mostrar emoções, fechar-se e evitar sitios onde tenha de se expor????? 

 

Sei o que isso é, por isso vos digo analizem bem hoje ao deitar a vossa alimentação, quanto pesam, que tipo de exercicio praticam e sejam honestas com vocês mesmas. 

 

A mudança ocorre quando a dor de ser como somos é maior que a dor e o sacrificio para mudarmos.

 

Eu mudei a minha vida, exercicio, alimentação foram os meus instrumentos, os haters deram-me força para continuar e aqui estou: a mente liberta dos constrangimentos impostos pelo meu corpo.

 

Bye, bye Baby,

 

A Sofia já não é gorda

publicado por 80nuncamais às 16:46 | link do post | comentar | ver comentários (3) | favorito

Acabei de ver o Filme, sim Filme com letra maiúscula, porque é para mim um filme obrigatório.

 

"MILK" com Sean Penn... Fantástico. Ganhou Oscar de Melhor Actor em 2008. É a história de Harvey Milk e a sua luta contra o preconceito enquanto ativista gay, que lutou pelos direitos dos homosexuais e foi o primeiro representante eleito que era gay assumido.

 

Sean Penn é, na minha opinião, um dos melhores actores que existem, bem como produtor e director. Em 2002 vi "I am Sam", e que ele desempenhava o papel de um pai, com deficiência mental, que quer manter a custódia da sua filha.

 

Em 2004 nasceu a minha filha, Raquel, com trissomia 21, e revi este filme... há uma cena em que a filha, Dakota Fanning lê uma palavra e sabendo que o pai não sabe o significado da palavra, que não a consegue ler, não a quer dizer em voz alta porque não quer saber coisas que o pai não sabe. Essa cena é, para mim, a mais importante do filme.  Fez-me pensar que idade mental a minha filha enquanto adulta poderá alcançar. Haverá muitos conceitos que ela não poderá compreender e raciocinios básicos e imediatos para os "normais com 46 cromossomas", que ela nunca vai entender.

 

Hoje levei as crianças à escola e claro também tive de levar o Joãozinho, mesmo com a infecção nos bronquios porque não tenho ninguém com quem o deixar. A Raquel disparou para o pavilhão e só o Pipo se despediu do João... Pois ele fez uma birra tremenda porque não se tinha despedido da irmã e lá voltei à escola, entrei no bloco e procurei a Raquel. Estava a brincar com 3 colegas da turma e elas corriam à volta dela e ela também e começou a bater-me o coração muito depressa.

 

Tentei perceber o que se passava, tive medo que as outras miúdas estivessem a gozar com ela e ela não perceber... é um medo tão grande que tenho que ela perceba que não é igual às colegas e não saiba lidar com isso. O Pipo já sabe que ela é diferente mas ainda não sabe como é a diferença dela. Já tentei explicar-lhe que ela é parecida com um menino que estava na sala de jardim de infância dele, o ano passado. Mas o Pipo disse-me que não era verdade, porque a Raquel não bate, fala com ele, brinca, pinta, corre e não usa fraldas!!! É que o menino só o ano passado  deixou de usar fraldas e a Raquel não usa fralda desde os 2 anos (e foi mais rápida que o Filipe e o João).

 

Tenho alguns livros sobre a diferença que vou lendo às crianças. O ano passado levei um livro sobre a família do Todd Parr à sala da minha filha:

 


Fala de todo o tipo de famílias, monoparentais, alargadas, reconstruídas, por adopção, com 2 mães, com 2 pais. E por incrível qe pareça o mais dificil de explicar não foi as famílias com pais gays. Uma menina gosta de outra menina e um menino gosta de outro menino não levantou grandes questões, nem as de adopção, em que os meninos nascem no coração dos pais em vez da barriga.


Difícil foi explicar a imagem de um cão, um gato e outro animal que não me lembro qual era serem da mesma família para explicar o conceito da alimentação. Por fim expliquei assim: O Joãozinho não pode beber leite nem iogurtes de vaca, só pode comer de soja, o pai não come peixe, o Pipo gosta mais de legumes e acompanhamentos que carne e peixe, eu não como carne (ou quase nunca) e a Raquel come de tudo!


Este livro foi escolhido pelo Pipo, quando tinha 2 anos, ficou apaixonado e não saía do Feira Nova sem ele!!! Houve alturas em que dormia com o livro debaixo da almofada.


E a que propósito escrevi este título no post? Porque sempre me interessei pelos outsiders, aquelas pessoas que vivem à margem do normal, que são diferentes e exercem sobre mim um fascinio que eu não sei explicar. Talvez porque eu também não seja normal, não consigo vive dentro dos moldes e nunca me sinta confortável no meio burguês (embora hoje, licenciada, casada com um engenheiro, com 3 filhos, prestes a ir buscar uma station wagon, vivenda com 2.000 metros quadrados de terreno à volta e poder trocar a minha carreira para ser mãe em full time seja o mais próximo do conceito de burguês que conheço).


Sou fascinada pelo diferente, pelo que está fora de lugar e tanto tenho amigos pipis, licenciados, empreendedores, ricos, trabalhadores de fábrica, gays assumidos ou no armário, multi-culturais e raciais como tenho uma amiga que vive uma vida dupla, desempenhando 2 papeis, o de mãe e esposa dedicada e o de prostituta.  Não me choca nem me perturba e houve uma vez em que uma pessoa da minha família me apontou o facto da minha mãe sair muito com uma amiga poder significar que ia jogar para a outra equipa... e eu responder que desde que ela fosse feliz eu também era.


Um dia também terei de explicar aos meus filhos a minha dependência da comida para que eles percebam porque a minha alimentação é diferente da deles. O Pipo também já percebeu isso... é tão perspicaz o puto! Mas é incrível que não se lembre que eu era gorda... ele diz que eu sempre fui assim magrinha (é o que o meu marido está sempre a dizer! Abraça-me e diz que estou tão magrinha que os braços já sobram para me abraçar...).


Eu sou um outsider mas há dias que finjo ser normal como todo o resto...


bye,

Sofia




 

publicado por 80nuncamais às 00:06 | link do post | comentar | favorito
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